Corredores verdes urbanos como estratégia de planejamento e desenho urbano para a promoção da qualidade urbano-ambiental em municípios do Espírito Santo
Resumo: Desde a antiguidade os espaços livres, especialmente as praças, têm sido importantes elementos estruturadores da forma urbana, criando o sistema que lhe dá suporte e vitalidade. Lamas (1990, p. 102) divide os espaços livres em duas categorias: ruas e avenidas - destinadas à circulação e praças e parques - projetados para a permanência. Ele define praça como o lugar intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de manifestações de vida urbana e comunitária e de prestígio, e, consequentemente, de funções estruturantes. Todavia, a evolução urbana tem mostrado diversos e profundos efeitos negativos sobre as cidades - a perda de espaços livres, a diminuição da qualidade urbana, a degradação da paisagem e dos ambientes naturais, bem como o agravamento de problemas de ordem bioclimática - redução de áreas públicas de lazer, deficiência na arborização urbana, excessiva impermeabilização do solo, aumento da temperatura e criação de ilhas de calor, danos ambientais diversos, diminuição da qualidade da ambiência urbana e perda de qualidade de vida - constituindo um problema que extrapola a esfera física/espacial, mas atinge o cerne mesmo da sociedade, visto que desencoraja o uso da rua e dos espaços livres como locais de encontro necessários para a manutenção das práticas sociais.
A presença de massas e superfícies vegetadas é fundamental para garantir condições mínimas de conforto ambiental em áreas urbanizadas: auxiliam o trabalho preventivo em relação aos problemas ambientais, conferindo maior resiliência frente às alterações climáticas e impactos negativos dos processos de urbanização; promovem a regeneração de espaços já degradados; e podem qualificar os espaços livres de ruas, praças e parques, configurando um ambiente urbano agradável e atrativo. A existência de corredores verdes conforma um ambiente com maior resiliência urbana, entendida como a capacidade que determinada cidade tem de reagir às agressões e adversidades o que envolve diretamente suas características físicas, seu sistema de espaços livres, em distribuição e qualidade. Neste sentido, os benefícios que pode trazer são: maior adaptação às mudanças climáticas, por reduzir as ilhas de calor urbano, diminuindo a temperatura e aumentando a umidade do ar; melhoria da qualidade do ar, auxiliando na captura de CO2; melhoria os sistemas de drenagem de águas pluviais; favorecimento das atividades de lazer; promoção do bem estar físico e mental; melhoria da paisagem, do ambiente urbano e da qualidade de vida, tornando os ambientes construídos locais mais agradáveis e atrativos.
A despeito de todas as evidências sobre os benefícios da implantação da infraestrutura verde e vasta lista de casos de sua implantação nos EUA, Inglaterra, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia e Coréia do Sul, para citar alguns países, seu uso é raro no Brasil. Porém, observa-se que há um crescente interesse pela pesquisa e proposição sobre infraestrutura verde nos núcleos universitários.
Regenerar os espaços livres, implantar paisagens equilibradas e agradáveis, controlar os efeitos negativos da urbanização acentuada constituem, portanto, condição para a manutenção adequada das condições de vida do ser humano e das sociedades, assim como da fauna e da flora, as quais também dependem da existência e manutenção de áreas vegetadas. Nesse sentido, a infraestrutura verde se configura como uma estratégia de planejamento que alia a preocupação com a paisagem natural e a construída e possibilita a requalificação dos espaços livres desde a rua até os parques e áreas de preservação - reforçando-os como fundamentais para a resiliência urbana, a qualidade de sua ambiência, a qualidade de vida e a manutenção das relações sociais.
Data de início: 01/08/2016
Prazo (meses): 36
Participantes:
Papel | Nome |
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Aluno Mestrado | MARIANA DARÉ ARAUJO NEVES |
Coordenador | DANIELLA DO AMARAL MELLO BONATTO |