Cidade Paisagem: novas perspectivas sobre a preservação da paisagem urbana no Brasil.

Nome: TATIANA CANIÇALI CASADO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 02/09/2010
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
RENATA HERMANNY DE ALMEIDA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
MARTHA MACHADO CAMPOS Examinador Interno
RAFAEL WINTER RIBEIRO Examinador Externo
RENATA HERMANNY DE ALMEIDA Orientador

Resumo: A construção da paisagem no meio científico e social, tanto no discurso quanto no método, é abordada neste estudo como processo complexo, a partir do qual se desenvolveram relações de domínio sobre a percepção do espaço, que perduram fortemente consolidadas, desde a gênese conceitual do termo até sua práxis atual. Historicamente, os estudos acerca da paisagem desenrolaram-se vagarosamente, imersos em questionamentos muitos, frente à multiplicidade de sentidos que o conceito oferece. Na psique, a noção de paisagem está presente há muito, como prática inconsciente do homem, antes mesmo da formulação de qualquer hipótese ideológica. Entretanto, sua materialização no consciente social só se concretiza a partir da pintura, e, principalmente, com a perspectiva, através da tecnicidade do olhar, antes, vagante do infinito, agora, ordenado em uma moldura. Desde então, a paisagem é percebida segundo o ordenamento do olhar, como o equivalente da natureza e do belo, assumindo, ao mesmo tempo, importante valor simbólico, uma vez que está ligada aos processos mnemônicos e subjetivos que o indivíduo constrói com o território. O domínio sobre essa experiência espaço-cognitiva, característica do contemporâneo, consolida, no imaginário social, a formação de consensos sobre a paisagem, cujas referências estéticas fazem um apelo cultural, muito pertinente às atuais dinâmicas capitalistas de produção do espaço de escala mundial, principalmente as de espetacularização e mercadorização das cidades promovidas pelo city marketing. No Brasil, essa ideologia consensual da paisagem ultrapassa o imaginário social e domina também o político, haja vista o principal instrumento de preservação da paisagem, o Decreto-lei 25, de 30 de novembro de 1937, e seu limite àquelas de excepcional valor ou feição notável. A análise dos processos de tombamento para inscrição de bens pelo valor paisagístico revela a dominante, senão exclusiva, adoção de critérios de seleção relacionados a aspectos estéticos. Excluem-se, portanto, do que a nação considera patrimônio, paisagens outras que, embora não possuam, a princípio, valor estético notável, exercem papel fundamental como herança das relações antepassadas entre o homem e o espaço e condição pré-existente para as mesmas relações do presente e futuras. A partir desta contextualização histórica, a pesquisa procura transpor para a contemporaneidade a análise ideológica do conceito e sua relação com a formação da paisagem no imaginário coletivo, a fim de reconhecer, nas práticas atuais de preservação da paisagem, o quanto essa gênese, enraizada na estética, permanece fortemente consolidada, alimentando as dinâmicas atuais de consumo e mercadorização da cidade. Portanto, como conclusão preliminar, pode-se afirmar que a identificação de paisagens de diferenciado valor, sobretudo estético, sustenta e reforça o tratamento da cidade como objeto, como mercadoria padrão a ser vendida/negociada no mercado mundial, em detrimento de seu reconhecimento enquanto processo dinâmico que, embora inserido no contexto global, desenvolve peculiaridades e especificidades, inerentes à produção do espaço, tal como Lefebvre preconiza, ou seja, à própria produção da vida, produto social, por característica, gerador de dissensos.

Palavras-chave: Paisagem. Patrimônio. Dinâmicas contemporâneas. IPHAN.

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