O ESPAÇO ENTRE NÓS: CONFRONTOS DISCIPLINARES EM ARQUITETURA E URBANISMO

Nome: MARIA LÍGIA GOMES CHAVES

Data de publicação: 17/06/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
FERNANDO LUIZ CAMARGOS LARA Examinador Externo
FLAVIA RIBEIRO BOTECHIA Presidente
MARTHA MACHADO CAMPOS Examinador Interno

Resumo: Este estudo, situado no campo da arquitetura e urbanismo, assume uma postura política ao confrontar as origens históricas de dominação do discurso epistêmico-espacial que envolve o ensino, aprendizado e prática nessa área de conhecimento, e como se manifesta na produção da cidade e nas políticas físico-territoriais. Inicialmente, compreende-se que mesmo após a descolonização, os atuais padrões de uso da terra fazem parte de uma estrutura enraizada no sistema de dominação colonial. Em face a isso, adentra-se em um território onde a decolonialidade atua como lente para revelar as intrincadas conexões entre colonialismo e modernidade, reconhecendo a continuidade dessa relação no tempo e no espaço, a “colonialidade”; e a extensão desse domínio sobre o conhecimento, a "colonialidade do saber". Partindo dessas premissas, a hipótese subjacente é o ensino de arquitetura e urbanismo no Brasil ainda é, consideravelmente, fundamentado em paradigmas referenciados em culturas e realidades de origem colonial, o que dificulta a emancipação epistêmica e ontológica deste campo. Portanto, a justificativa de estudo reside na necessidade de ampliação teórica e prática sob o viés decolonial, entendendo que essa abordagem pode suscitar processos reflexivos-críticos situados. Isto posto, o objetivo é investigar como a abordagem da Teoria Decolonial pode contribuir para a transformação pedagógica, curricular e das práticas disciplinares na arquitetura e urbanismo; o que pode acontecer tanto pelo desenvolvimento de uma consciência frente a realidade histórica colonial, quanto pelo engajamento docente e discente em uma mudança de atitude com relação aos conteúdos teóricos, metodológicos e projetuais. O estudo tem foco no ensino de arquitetura e urbanismo no Brasil contemporâneo e subdivide-se em dois recortes: sistemas hegemônicos de matriz colonial que influenciam este ensino; desenvolvimentos teóricos e práticos decoloniais no âmbito educacional como contraponto à dominação epistêmica-espacial. À medida que a lógica colonial no ensino são identificadas, os contrapontos tencionam caminhos para a descolonização. Assim, os contrapontos constituem o segundo recorte de pesquisa e complementam o recorte um. Amparada na decolonialidade, a metodologia de pesquisa se desdobra em três procedimentos: o acúmulo teórico situado no contexto de produção do sul global, a autorreflexão epistêmica e ontológica, e o confronto entre esses dois procedimentos. O confronto permite identificar os pontos de inflexão disciplinar, ou seja, os principais marcos de virada teórica e prática na disciplina, assim como e sintetizar novas hipóteses, conceitos e práticas pedagógicas. Estas sínteses suscitam outras formas de imaginar, pensar e fazer arquitetura e urbanismo no espaço entre nós.

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